A prostituição da alma


A prostituição da alma

Arnaldo Mourthé

 O que  estamos assistindo nesses dias na televisão, sobre a promiscuidade do Presidente e seu governo com o  interesse privado, é algo aterrador. Se tentarmos encontrar uma explicação sobre tudo isso na história da humanidade não teremos êxito. Pelo menos eu não tive. Rememorando tudo que aprendi sobra a história, não encontrei nada que se comparasse com isso.

A história registra muitos desacertos dos homens, sobretudo dos seus chefes, mandatários ou não: engodos, injustiças, terror, espoliação, tirania, impostura e muitas outras mazelas. Mas nada que pudesse chegar ao nível do que vimos: a prostituição da alma de dirigentes de uma Nação, que se vangloriam com supostos êxitos ridículos do seu governo, enquanto aplicam uma política de cumplicidade com uma falsa elite, que se julga tudo poder pelo dinheiro que acumula.

Essa prática de associação criminosa de empresários e mandatários – que usufruem também dessa acumulação de riqueza – extermina a autoridade do Estado e mina a sociedade. Os métodos são a corrupção, pressões descabidas sobre autoridades nos mais variados níveis da Administração Pública e chantagem.

Não se trata apenas de prejuízos ao erário público. Os atos de corrupção e subordinação de autoridades de alto nível aos interesses pecuniários particulares, de eventuais poderosos, são terríveis para a Nação e para seu povo. Esses senhores têm o poder de fazer leis e administrar o dinheiro público, arrecadado de uma população trabalhadora carente e sofredora. Isso nos ajuda a compreender como um país tão rico como o Brasil, com uma população gigantesca de pessoas de boa índole, trabalhadoras e criativas, pôde chegar à situação vergonhosa em que nos encontramos.

O Brasil, desde o desembarque dos colonizadores portugueses em nossas terras, vem padecendo de um processo de espoliação severo e cruel. Até pouco tempo atrás esse processo era parte de sistemas espoliativos injustos, mas inseridos num processo civilizatório penoso, mas compatível com a evolução da humanidade naquele momento. Hoje, o que assistimos é a capitulação vergonhosa de nossos governantes diante de interesses mesquinhos e criminosos de pessoas sem qualquer compromisso com o destino da Nação e de seu povo. O pior é que essa capitulação não é apenas a subordinação a uma classe social de brasileiros, mas, principalmente, a interesses externos ao país. Nossos últimos governos capitularam diante do poder financeiro mundial. Nós nos tornamos submetidos aos senhores do capital do mundo, através de seus sócios menores internos e de dirigentes sem o mínimo de dignidade, de sensibilidade social e de patriotismo. Isso pode ser chamado de prostituição da alma.

Procurei acontecimentos históricos no mundo que pudessem ser comparados com o que estamos vivendo, mas não encontrei. Algo inusitado e grave está ocorrendo conosco. A única referência que encontrei foi na Bíblia, na profecia do Apocalipse de São João Evangelista. Será que estamos vivendo o “fim dos tempos”, ou a “revelação”, segundo o significado latino da palavra? O fato de aventar essa possibilidade revela, pelo menos, que estamos vivendo uma grande enrascada que precisa  ser consertada.

Rio de janeiro, 19/5/2017.

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