O governo dos banqueiros fracassou


O governo dos banqueiros fracassou

Arnaldo Mourthé

            O caos está explicito nos noticiários da mídia e dos jornais. Nem mesmo se consegue manter a ordem nos presídios, local onde o Estado deveria manter os criminosos ou suspeitos de crimes sob sua custódia. Mas não é isso que está acontecendo. Há revoltas, fugas e mortes por toda parte. Grandes contingentes policiais foram mobilizados, incluindo a guarda nacional para restabelecer a ordem. Até as forças armadas são cogitadas a ajudar a polícia nas ações de inteligência e desarmamento das prisões. Isso mesmo, as facções criminosas armaram seus “soldados do tráfico”, para afrontar suas rivais. As drogas, aparelhos eletrônicos e toda sorte de parafernália, existem ali em profusão. De lá, os líderes comandam seus seguidores para a realização de operações criminosas, inclusive assassinatos. Autoridades são corrompidas para obtenção de privilégios, mesmo a prisão domiciliar, obtida por laudos falsos. Todo o processo alimentado pela corrupção com o dinheiro do tráfico de drogas e de armas.

O mais escandaloso é constatarmos uma mobilização maciça de policiais para atender à crise dos presídios superlotados e mal administrados, inclusive por concessão a empresas privadas, enquanto em vários estados assistimos à paralisação da polícia, em greve por ter seus salários atrasados. De outro lado, encontram-se os mais de 12 milhões de desempregados, sem esperança de outro emprego a curto prazo, enquanto os jovens ansiosos por entrarem no mercado de trabalho se frustram, matando em muitos deles a esperança.

Escolas são fechadas ou funcionam precariamente por falta de verbas. Doentes morrem nas filas dos hospitais, os serviços públicos em geral se degradam. Muitas estradas estão em condições deploráveis, até mesmo aquelas fundamentais para o transporte de alimentos para as cidades ou para a exportação. Entidades públicas são fechadas, especialmente nas áreas de cultura, assistência social e proteção ambiental. Nem mesmo o combate aos mosquitos transmissores de doenças escapa à má sorte da degradação do serviço público. Além das ameaças da dengue, da zika e da chicungunha, agora retorna a febre amarela, que horroriza os habitantes do vale do Jequitinhonha e da Zona da Mata, em Minas Gerais. Paramos por aqui, porque não faltam mazelas e tragédias a serem contadas.

O pior é que tudo isso não é uma condição transitória, pois não há perspectiva de dias melhores tão cedo, a partir das supostas soluções que o governo e seus apoiadores anunciam. A perplexidade se generaliza e, mais que isso, se transforma em ansiedade e bole com os nervos das pessoas. Há registros de aumento dos surtos psicóticos e de suicídios, que atingem as pessoas mais sensíveis ou com predisposição para esses fenômenos. Mas como isso pôde acontecer?

Nós temos insistido na inviabilidade da política econômica do governo, de sacrificar a sociedade em benefício dos banqueiros e dos grandes investidores, principalmente internacionais. Não há possibilidade de despender 45% do orçamento da União com juros da dívida pública. Nós somos um país pobre, onde existe uma “elite” que posa de rica, à custa da miséria da população, mas isso é um assunto que não cansamos de enfocar nas nossas manifestações por escritas ou verbais. Vamos ao concreto.

O orçamento da União para 2017, elaborado já no meio do caos mencionado acima, prevê para pagamentos de juros da dívida pública a bagatela de 339,1 bilhões de reais. Mas a arrecadação prevista não é suficiente para isso. Assim foi previsto um déficit de 139 bilhões de reais. Mas como cobrir esse déficit? Emitindo novos títulos da dívida pública, ampliando a própria dívida. Mas para isso é preciso que alguém compre os títulos. Quem o fará? Em que condições o fará?

A resposta foi dada pelo próprio ministro da Fazenda, Henrique Meireles,, em entrevista esta semana para a Rede Globo, diretamente da Davos, onde se reúnem os homens mais ricos do mundo, em sua reunião mundial para se porem de acordo de como continuar sua espoliação do mundo. A própria repórter mostrou a imagem de Bill Gates, com o comentário que os oito homens mais ricos do mundo, dentre os quais ele se encontra, têm uma fortuna igual à da metade da população mais pobre do planeta. Alguém poderá dizer: mas como esses são fenomenais! Mas esse deve ter esquecido os 3,5 bilhões de seres humanos mergulhados na miséria para que eles possam exibir tamanha fortuna. Pois são eles, os bilionários, os principais beneficiários dos 339,1 bilhões de reais que o governo dos senhores Meireles e Michel Temer lhes oferece de bandeja. Meireles assegurou à repórter que o entrevistou que os participantes da reunião, Bill Gates et caterva, aceitaram muito bem as explicações dele, Meireles, do programa de governo “para sair da crise”, nas suas palavras. Ele mostrou na sua entrevista, de que lado está. Não é certamente do lado do sofrido povo brasileiro.

Vivemos em um país sem governo, pelo menos no conceito que temos de governo, aquele órgão composto de cidadãos que representam outros cidadãos para defender seus interesses e buscar soluções justas nas divergências internas entre cidadãos ou setores da sociedade. Esse governo não existe no Brasil. O que temos aí é um governo dos banqueiros e dos bilionários investidos internacionais, aos quais o senhor Meireles serve.  Outra coisa não se poderia esperar do aluno exemplar do BankBoston, ao qual ele serviu a vida inteira. Ele foi a Davos prestar contas do serviço que ele desenvolve no Brasil para submeter no país ao capital financeiro internacional. Vamos permitir que isso aconteça? Ou divulgar esses fatos e criar uma consciência nacional para barrar essa traição que estão cometendo contra nossa PÁTRIA.

Rio de Janeiro, 15/01/2017

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