O engodo da redução de juros


O COPOM receita aspirina para combater o câncer

Arnaldo Mourthé

Com certo destaque, embora envergonhada, a mídia divulgou ontem a decisão do COPOM de reduzir a taxa SELIC, dos juros que o Estado paga por sua dívida, de 14,25 para 14%. Ou seja, uma redução de 0,25 na taxa. Eu pensei cá comigo: não seria melhor manter os 0,25% e cortar os 14% que restaram? Afinal o que ficou remunera um pequeno grupo de investidores endinheirados que, talvez, nem precisem desses recursos. A maior parte são banqueiros ou investidores estrangeiros, enquanto o corte nada resolve, apenas pretende sinalizar que o governo preocupa-se com a dívida pública. O que sabemos não ser verdade. Feita essa mudança o que aconteceria? Façamos os cálculos: os juros de 14% aplicados à dívida de três trilhões de reais, somam por ano 420 bilhões de reais, ou 1,2 bilhão por dia. Lembre bem: por dia! É por isso que falta dinheiro para tudo.

Se os juros fossem de 0,25% ao ano, o que não é uma heresia, pois essa taxa já foi aplicada pelo governo americano, nós teríamos uma economia de um bilhão e duzentos milhões por dia. Com esse dinheiro no caixa do Tesouro, o governo poderia resolver todas as nossas necessidades imediatas. Não precisaria sair por aí, para a China, os Estados Unidos, o Japão – pedindo investimentos e oferecendo nosso patrimônio – nem da PEC  241, que arrocha o Estado e o servidor. Ele evitaria as greves de professores e alunos, porque os primeiros teriam salários dignos e as escolas funcionariam muito bem. Não morreriam os milhões de brasileiros que morrem hoje por falta de assistência médica. Os policiais e outros servidores não precisariam entrar em greve, para receber seu salário em dia. As estradas seriam melhores. Os serviços públicos essenciais não precisariam ser privatizados. A reitoria da UFRJ não precisaria pegar fogo por falta de manutenção. Teríamos menos violência e a população seria mais feliz. Quantas outras coisas poderíamos fazer!

O governo Temer está menosprezando nossa perplexidade, nossa ansiedade e nossa inteligência. Está tripudiando sobre a insegurança, o sofrimento e o desespero de milhões de brasileiros. Ele finge querer resolver a crise em que estamos mergulhados brincando conosco. Seremos nós, os brasileiros, imbecis?  Talvez seja isso que os homens que ocupam os mais altos cargos do poder pensam.

È urgente tomarmos consciência disso que está acontecendo conosco, antes que seja tarde. Muitos estão desiludidos e desanimados. Mas, há dois mil anos o Mestre Jesus de Nazaré nos deixou uma mensagem singela, mas grandiosa: Conhecereis a Verdade e a Verdade vos libertará. Simples assim.

Rio de Janeiro, 20/10/2016

 

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