A que veio o governo Temer?


A que veio o governo Temer?

Arnaldo Mourthé

Resposta: 1 = Matar o Estado com o bloqueio de gastos com serviços públicos; 2 – Demolir a República, através da priorização dos interesses privados sobre os públicos, do cidadão, e o descaso com a soberania nacional. 3 – Alienar o patrimônio nacional para transferir riqueza para o setor financeiro, já dominado pela banca internacional.

Para executar há um trio no poder, o próprio Presidente, Meireles, e Moreira Franco. O segundo é o cérebro que montou a trama, o terceiro o encarregado de vender nosso patrimônio, e o primeiro, o Presidente, como o ilusionista, com seus trejeitos manuais de prestidigitador, que trata de iludir a população com sua soberba retórica sarcástica. Esse trio é coadjuvado por dezenas de outros, alguns auxiliares, outros apenas figurantes. Esses ocupam posições para a formação de uma maioria no congresso para aprovar as leis por eles propostas.

Até agora todas as medidas do governo visam o cumprimento do plano macabro descrito acima em três itens. A primeira foi a autorização de crédito suplementar para emitir título da dívida pública, fazendo-a assim crescer. A segunda trata de bloquear as despesas do governo por vinte anos, o que implica manter a deficiência dos serviços públicos que será aumentada com o crescimento da população. Enquanto isso deixa de lado os gastos com os juros da dívida pública que só cresce, numa equação exponencial pelo acréscimo dos juros que a arrecadação federal não é suficiente para pagar, como já ocorre esse ano e que produziu a autorização do crédito suplementar. A terceira é introduzir mudanças na Previdência Social, para reduzir direitos. Sob a alegação de que ela é responsável pela crise financeira do governo federal, embora ela não possa ferir direitos adquiridos o que não permite economias imediatas. Mas ao aumentar o tempo de serviço dos trabalhadores esse impedem a abertura de vagas, para atender aos doze milhões de desempregados e os jovens que ingressam no mercado de trabalho.

Outras medidas virão como o já anunciado no programa de privatização de rodovias, portos, aeroportos etc. Com essa nova medida o quadro está montado para pagar os juros da dívida pública com alienação do patrimônio público e até do privado para a entrada de dólar cuja única finalidade é pagar os juros dos investidores estrangeiros nos títulos da dívida pública.

Essa é a primeira radiografia do governo Temer no que diz respeito à sua submissão aos interesses dos investidores, em grande proporção estrangeira, em detrimento de nosso povo, que amarga a desnutrição, enquanto a agroindústria é orientada para a exportação, assim como a mineração e, até mesmo alguns setores industriais cuja missão é produzir dólar para alimentar a sangria de riquezas a que o Brasil está submetido, desde o momento em que a ditadura militar passou a utilizar o endividamento externo para fazer suas obras faraônicos, deixando de lado a educação, a saúde, a habitação, o saneamento.

As atividades que produzem dólar para a sangria do país deixam rastros terríveis no nosso meio ambiente. A agroindústria destrói matas, envenena a terra e os rios, que também assoreia. As minas deixam suas marcas na terra, produzem assoreamento e acidentes ambientais terríveis como o da Samarco que contaminou o Rio Doce. A indústria automobilística desvia recursos do transporte público e produz vítimas fatais em torno de cinquenta mil por ano. Essa dependência do dólar, que criaram para o Brasil, trouxe mais tragédias e miséria que progresso, e isso precisa ser levado em conta, por qualquer governo sério que queira atender às necessidades da população e orientar a nação brasileira para o progresso com justiça social e soberania.

Esse é o recado que tenho para meus amigos. Já chegou a hora de fazermos algo em benefício de nosso país e de nossa gente. Os descalabros no plano governamental têm anulado todos os esforços que nosso povo tem feito para sua sobrevivência e prosperidade. É preciso dar um basta nisso. Dediquemos um pouco de nosso tempo a essa causa em favor do Brasil, a começar por estancar a sangria da dívida pública, sem o que qualquer medida de readquirir a governabilidade do país vai por água abaixo. Pensem nisso!

Rio de Janeiro, 05/10/2016

 

 

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