Alerta às cidadãs e aos cidadãos


Questão de bom senso! É Ciro ou o caos!

Arnaldo Mourthé

Em 13/9/2016, publiquei um artigo sobre a crise política de então, do qual transcrevo alguns trechos abaixo:

… “Se observarmos atentamente as posições das pessoas nas suas participações em manifestações ou através da imprensa, verificamos que as posições são na sua grande maioria contrárias a alguma coisa e não a favor de outras coisas.”… “Todas as posições poderão ser plenamente justificadas separadamente. Mas o conjunto delas demonstra uma tendência para a negatividade e não pela afirmação que se manifestaria por reivindicações claras”… “Tudo isso indica que é necessário que os brasileiros comecem a pensar mais positivamente, ou seja, a favor do atendimento de suas necessidades, inclusive da sua própria segurança e da Nação, em vez de buscar culpados pelo caos que vivemos sem qualquer conhecimento das causas mais profundas de tudo isso.”…

            … “Diante desse quadro, sugiro que passemos a pensar mais nas nossas necessidades e nas formas de atendê-las, a partir de melhores salários, na escola para nossos filhos, na saúde honesta e gratuita, como ocorre nos países europeus, no desenvolvimento econômico voltado para os interesses nacionais e na soberania da Nação brasileira que o povo nas ruas pediu em junho de 2013. Mas como obter tudo isso? Devemos trabalhar todos em função de programas de atendimento de nossas necessidades e de nossas vontades na medida da possibilidade de cada um.”

Mas não foi o que ocorreu. A paixão da luta gerada pelo impeachment da Presidente, fez cegar a maioria da população, que de lá para cá troca insultos, ofensas e acusações, ora fundadas ora não. A Nação havia sido dividida ao meio na eleição de 2014. De um lado o candidato da burguesia, que atendia os interesses dos mais agraciados. Do outro, a candidata mais popular, autointitulada de esquerda, que também defendia os interesses da grande burguesia, mas se cobria com o manto de uma política populista compensatória para aliviar o sofrimento dos mais pobres massacrados pelas elites e pelo capital estrangeiro.

Os dois enganaram o eleitorado e deu no que deu. A Nação dividida caminhou para o colapso. Estamos vivendo a pior de todas as crises, e muitos dos seus efeitos foram potencializados negativamente por nossa desunião. Estamos inertes em face de inimigos poderosos que constroem nossa dominação.

Agora, nas vésperas da eleição presidencial, o quadro dessa divisão se manifesta de forma dantesca. Parece o “inferno de Dante”. Parte da população tomou consciência dos riscos do radicalismo inconsequente que impera ainda entre nós. Vejamos como isso se manifesta nas pesquisas de intenção de voto dos eleitores. Os dois candidatos que representam os dois lados da divisão de 2014 polarizaram as eleições pelo caminho mais estapafúrdio, o da negatividade. Eles não são candidatos de programas construtivos. Alimentam-se da negação do outro, da forma mais grotesca, porque sem qualquer fundamento construtivo. Não entraremos aqui em questões políticas que só alimentaria a polarização, mas no seu aspecto destrutivo, das instituições, da Nação, e da sociedade que as criou. Qualquer que seja o resultado da eleição, a favor de um ou de outro dos polarizados será um desastre. Qualquer homem comum pode verificar isso. Vamos apenas dar alguns sinais para evidenciar isso.

A última pesquisa de opinião do IBOP já indica um fato que arrepia o analista. O percentual de rejeição dos dois primeiros colocados nas pesquisas, aqueles que polarizam a campanha, cada um se colocando como o bem, enquanto o outro representa o mal. A intenção de votos para os dois no segundo turno é menor que sua rejeição pelo eleitorado. Isso quer dizer que, mantida essa situação, o futuro presidente seria recusado pela grande maioria dos brasileiros. Como enfrentar a gigantesca crise que atravessamos com um presidente sem o respaldo da população. Não faremos qualquer observação sobre a pessoa ou a representação política dos candidatos. Apenas relatamos o juízo que o eleitor faz deles. Os dois que estariam no segundo turno se a eleição fosse hoje não representam o eleitorado brasileiro.

Isso não quer dizer, necessariamente, que a eleição seja a negação da instituição que os políticos e juristas gostam de chamar de Estado de Direito. As pesquisas de intenção de voto mostram apenas que o sistema eleitoral é  falho e pode produzir uma aberração, mesmo que na contagem de votos não haja fraude.

O interessante é que a pesquisa de outra entidade, a Datafolha, confirma  a do IBOP, com pequena divergência nas hipóteses de outras candidaturas no segundo turno, que não seja necessariamente os dois primeiros colocados na pesquisa. No confronto entre cada um dos primeiros colocados nas pesquisas com o candidato Ciro Gomes, este ganha dos dois. Na da Datafolha, posterior à do IBOP, a diferença a favor de Ciro é maior. Para um analista atento, isso significa que Ciro tende a crescer e que há pelo menos em torno de 30% do eleitorado com  bom senso no Brasil, número de migrações para Ciro, no segundo turno, de eleitores que hoje  votam em outros candidatos pelas mais variadas razões.

Esse fenômeno só ocorre de forma clara com o candidato Ciro Gomes. Ele evidencia a preocupação dos eleitores com a vitória de qualquer dos dois que polarizaram a eleição. Mas de nada adianta esse bom senso depois do desastre ocorrer no primeiro turno, pois estariam no segundo turno somente os dois atuais primeiros colocados no primeiro.

Esclareço que não tenho compromissos eleitorais nem trabalho para nenhum dos candidatos. Optei por ficar fora do jogo eleitoral, por razões que não cabe aqui explicar. Mas pela minha experiência de mais de meio século de política no Brasil, e fora dele – em comprimento de missões políticas – não me permite alhear-me desse evento fundamental para o Brasil, em momento tão doloroso. Se as pessoas de bom senso, mobilizadas nas  campanhas periféricas e, até mesmo, alguns daqueles que apoiam os candidatos rejeitados pela maioria da população não reverem suas posições, aliando-se com Ciro, provavelmente teremos uma catástrofe: um país ingovernável por falta de confiança da população nos seus representantes. Já estamos vivendo o mais doloroso momento do Brasil agravado pelo desgoverno que está destruindo nosso Estado e nossa Sociedade, ou seja, nossa Nação.

Apelo a todos para a uma reflexão. Cometido o erro que apontamos, não adiantará chorar sobre o leite derramado.

Rio de Janeiro, 21/9/2018.

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