Queremos a ressurreição da nossa dignidade


Ao combate contra o capital financeiro internacional

Que haja a ressurreição da Nação brasileira

Arnaldo Mourthé

Nós, o povo brasileiro, estamos envoltos em uma trama de contradições. Não se trata da simples dualidade que a filosofia analisa através da dialética. Somos submetidos, pela propaganda destorcida, a um bombardeio de falsidades que cria em nossas mentes um mundo de ficção. Uma ficção perversa, que desperta em nós sentimentos negativos. Estamos sendo levados ao confronto com nossos irmãos em nome de supostas “verdades” cunhadas para nos desorientar e quebrar nossa união de membros de uma mesma comunidade, nossa Nação. Perdemos o senso da busca das nossas realizações sonhadas na infância e na adolescência, para nos digladiarmos, uns contra os outros, em torno de nomes que pouco ou nada representam, se nossa visão se coloca à altura de nosso país, do Brasil, nossa Pátria. Queremos punir nossos supostos adversários. Que o sejam, mas eles não são os principais. Todos aqueles que aparecem nos noticiários, independente da sua importância ou natureza, não passam de bonecos manipulados em um teatro de fantoches. Os autores e os manipuladores do espetáculo não aparecem ou são negligenciados. Esses, sim, são os responsáveis primeiros da nossa tragédia social e nacional.

Mas quem são eles? Eles são os chefes das quadrilhas do capital financeiro internacional ou seus serviçais, pelo mundo afora. Eles são parte de uma organização criminosa que vem administrando aquilo que chamam de “civilização ocidental cristã”, mas que nada tem de cristandade. São criminosos, que construíram o colonialismo, a escravidão de africanos, e as guerras que destruíram nações e trouxeram o sofrimento para bilhões de seres humanos. Seu projeto atual é a conquista do mundo, através do dinheiro sem lastro ou fictício obtido fora da produção de mercadorias. Eles são um câncer que vem corroendo todas as tentativas de uma verdadeira civilização, que precariamente vinha sendo construída a partir dos princípios republicanos.

Mas que princípios são esses? São aqueles que decorrem das condições essenciais da existência humana com dignidade: a Liberdade, a Igualdade e a Fraternidade, sobre as quais já me reportei em outros textos, de livros e artigos. A instituição republicana define as condições necessárias de uma civilização humanizada.  Elas se fundam na Soberania do cidadão que a confere também à Nação por meio de um Contrato Social, que apelidamos de Constituição. A divisão de poderes refreia a tendência dos homens egoístas, que porventura assumam o poder, a praticar a tirania, como ocorre no Brasil. No Brasil não há mais divisão de poderes. O Executivo e o Legislativo apenas obedecem a seus corruptores. Essa verdade se manifesta em muitas medidas contra o povo e contra a Nação desse governo impostor que aí está. Há muito mais o que falar sobre essa questão, mas não cabe em um simples artigo.

A política desse governo impostor é a destruição da República, pois ela é incompatível com a rapinagem praticada pelo mercado financeiro. Eles tentam construir uma tirania. Mas, para isso precisam dominar o Brasil. Não o podem fazer pela invasão militar, como já fizeram no passado em muitos lugares, especialmente criando as antigas colônias por toda parte. Já não têm força para isso. Precisariam de uma poderosa nação militarizada capaz de submeter o mundo. Entretanto eles não dispõem disso. Muito se fala, e se falou mais ainda no passado, das nações imperialistas. Elas de fato existiram e ainda existem. Construíram seus impérios de forma brutal e sanguinária. Mas isso não é mais possível.

O novo poder imperialista, desde o final do século XIX, é o do “mercado financeiro”, que se encobre de várias maneiras para ocultar sua perversidade. Ele produziu centenas de guerras, para viabilizar sua rapina, e as debitou às nações que guerreavam entre si. Agora já não têm nenhuma nação para travar novas guerras por ele. Todas são espoliadas, através das dívidas públicas, para cobrir o custo das guerras que produziram centenas de milhões de vítimas. Foram mortos, feridos, refugiados ou que tiveram suas propriedades destruídas. No Brasil sua ação nefasta está destruindo nossa Nação. Por isso ele está sendo desmascarado por nós. A população começa a tomar consciência de que a fonte de todo o mal que nos atinge está nele, no seu egoísmo, na sua desumanidade.

Desesperados, os donos do dinheiro, através de seus lacaios do governo de impostores, estão tentando levar o povo brasileiro a um grande conflito, passível de se transformar em guerra civil. Isso lhes daria um motivo para a implantação de uma ditadura, sob sua absoluta tutela. Esse motivo seria o restabelecimento da ORDEM PÚBLICA. Já começaram a colocar em prática seu plano macabro. Mas, para restabelecer a ordem é preciso a desordem. É o que estão fazendo. Suas armas principais são o dinheiro que corrompe e a propaganda, também feita através do dinheiro, que sustenta a suntuosidade da televisão brasileira e nos ilude. O dinheiro já vem escravizando a população mais pobre, através da inadimplência incentivada por empréstimos, a quem não tem condição de resgatá-los, e dominando o Estado através dos juros da dívida pública, que já consomem 50% do orçamento da União e a obriga a emitir novos títulos no mesmo montante. Se a União fosse pagar todos os juros em dinheiro não sobraria recursos nem para remunerar os funcionários que o arrecadam e transferem o dinheiro dos que produzem para os vampiros, que sugam nosso sangue.

A partir dessas informações podemos compreender as causas da intervenção militar na Segurança Pública do Rio de Janeiro. Querem produzir um conflito entre a população e as Formas Armadas, que tentarão transformar em guerra civil que desmantelaria a Nação e permitiria seu controle pelos senhores do dinheiro. Mas esse plano é louco e descabido. Mesmo assim estão levando-o para frente. Incentivam o ódio, e usam para isso os pobres que vendem droga para sua sobrevivência e suas comunidades de origem, e os políticos ambiciosos que querem manter-se na “luz da ribalta” ou escapar da cadeia. Muitos deles ocupam cargos nos altos escalões da República. Esses são aqueles que defendem as castas originárias de uma cultura escravista – como bem definiu Darcy Ribeiro – e outros que caíram na tentação do dinheiro da corrupção, vendendo nossa Soberania, nossa saúde e nossa educação, e ainda grande parte do nosso patrimônio público e privado de cidadãos brasileiros.

Será se nossos militares se deixarão manipular por esse governo desmoralizado? Eles que honraram o Brasil defendendo sua soberania e a liberdade da humanidade com a FEB, sob o governo Vargas, se deixarão envolver no absurdo de voltarem a serem instrumentos de repressão do nosso povo mais humilde, depois de o terem feito, a partir de 1964, em nome do combate à “subversão comunista”, como coadjuvante de outra farsa, chamada “Guerra Fria”? Pois, fazer do tráfico de drogas o maior problema nacional é uma farsa, também criada pelo capital financeiro internacional. O crime organizado, que precisa ser combatido, não está no varejo da venda de drogas nas favelas. Todos sabem que isso só existe porque há uma central criminosa que produz e trafica droga, antes dela entrar no Brasil, e também armas que sustentam a violência dentro ou fora das favelas. Atrás de tudo isso está o verdadeiro crime organizado, o capital financeiro internacional, que hoje opera no Brasil através do Palácio do Planalto. Lá, sim, está a sede do crime organizado que vem desmontando nossa sociedade e a Pátria brasileira.

Façamos uma reflexão, hoje, quando reverenciamos a Ressurreição de Jesus de Nazaré. Por que não tratar também da ressurreição da Pátria brasileira. Da nossa cultura, de nossos valores, da nossa dignidade. Porque, sem esses preceitos não teremos uma Pátria, nem seremos um povo. Façamos hoje um apelo àquele que reverenciamos para acolher nossos pleitos. Não estamos pedindo nada impossível. Queremos ser nada mais do que somos e viver em paz na nossa terra. Muitos de nós, talvez a maioria, somos descendentes daqueles que aqui habitam há dezenas de milhares de anos. Quem poderia negar nossa capacidade de viver com honra e dignidade? Esse não conhece minimamente nossa história, nem nosso povo. Mas, nem a esses negaremos nosso perdão. Afinal, hoje é dia de RESSURREIÇÃO.

Rio de Janeiro, 01/4/2018.

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