Quem é o maior responsável por nossa tragédia nacional?


Quem é o maior responsável por nossa tragédia nacional?

Arnaldo Mourthé

A resposta é simples; a nossa omissão.

Quem se sentir ofendido, que me desculpe. Não quero ofender ninguém.  Mas é de meu dever alertar a todos da gravidade da nossa situação. Até mesmo àqueles mais empenhados em buscar saídas desse caos, com seu próprio sacrifício. Afinal, me foi dado o privilégio de  viver 81 anos, intensamente, conhecer muitos países, os mundos da técnica, do esporte, da literatura, da política, até dos porões da ditadura, da vida enfim, com sua grandiosidade e seus percalços. Não tenho o direito de omitir o que me foi revelado, por minhas experiências, meus estudos e meus contados com personalidades que  fizeram história.

Não posso apenas guardar para mim tudo isso, e viver a minha aposentadoria, adquirida aos 70 anos de idade, quando milhões de patrícios não têm nem o direito ao trabalho para sustentar sua família, muito menos para se aposentar. Não o fiz, não o faço e não o farei. Vou colocando tudo para fora. Digam o que quiserem aqueles que se deleitam em criticar e colocar sobre os outros a responsabilidade das nossas mazelas. As redes sociais então cheias deles. Não os culpo. Não culpo ninguém, especialmente, pelo que está aí. Somos todos vitimas de uma condição que não foi criada por nós, mesmo que alguns tenham tido a oportunidade de amenizar as consequências das agressões que sofremos, sendo menos egoístas do que foram.

Além de considerar que a “culpa” é do outro, há uma tendência para negligenciarmos nossa potencialidade. Aceitarmos o mito do poder, que a sociedade nos ensinou. Aceitamos até mesmo sermos vítima dele, sem questionar. É o que nos está acontecendo. “Mas eu não posso fazer nada!”. É o que mais se ouve. Pois esses estão enganados e não apenas isso, conformados, o primeiro passo da submissão.

Mas tenho algo a dizer-lhes sobre o poder. O poder está dentro de cada um de nós. Fora dele só há o poder Divino e o da Natureza. Não há poder do homem que não tenha origem em nós mesmos. Se alguém diz que há, está mentindo ou enganado. Vamos à questão!

Se temos um problema, só nós mesmos temos condição de resolvê-lo, ninguém mais. Mesmo quando a solução depende do outro, é preciso que nós tomemos a iniciativa de acionar o outro para agir. Do contrário nada será resolvido. Viveremos nosso drama na solidão, talvez no desespero.

Da mesma forma o problema de uma família está nela mesma. Só um de seus membros poderá resolvê-lo, ou a união de todos. Isso vale para a comunidade ou empresa. Vale também para uma nação. Em alguns casos precisamos de solidariedade, ou ajuda de fora, mas que só será positiva se for solicitada por nós ou for de nosso interesse. Qualquer solução externa ao corpo social não pode contrariar seus interesses. Se o fizer  será invasão de privacidade. Para a nação a privacidade se chama soberania.

Se assim é, estamos sendo violentados. Temos um governo que nos obriga o que não queremos. Que usa apoio externo para nos pressionar. Que corrompe para nos dominar. Será natural que possamos aceitar isso? Não é. Mas por que está acontecendo? Porque nós estamos divididos, uns culpando os outros. Onde está nosso amor próprio. Ele não é apenas individual. Ele vale para o coletivo. A família, um grupo de amigos ou colegas, os de mesma nacionalidade. Pois quando nos agredimos mutuamente, estamos nos negando a solidariedade, a unidade  que é nossa força. Todos que agridem o outro, nosso compatriota, por pensar diferente de nós, está nos enfraquecendo. Ajudando nosso inimigo, nos levando à submissão e à nulidade. Deixamos de ser, para não sermos nada. Viramos coisas, que não têm direitos nem deveres. Para não sermos coisas. devemos ter a consciência que precisamos ter os dois: direitos e deveres. Não só para nós, mas para todos.

Agora poderemos ver uma omissão de muitos de nós. Nós estamos negando nossa unidade, nos negando nossa força. O homem vive em sociedade, porque fora dela não mais existiria. E a sociedade tem sua força na sua Unidade. Enquanto falarmos mal uns dos outros, os inimigos nos impõem, todos os dias, derrotas e prejuízos. Estamos sendo massacrados.

Como superar isso? Fazendo uma reflexão e reconhecendo nossas limitações. A principal delas é nosso conhecimento precário e nossas ilusões. Precisamos nos informar. Só assim tomaremos consciência do que está acontecendo. Façamos isso, procuremos conhecer os fatos. Os  verdadeiros, do passado e do presente. Os divulgados pela mídia não são verdadeiros. Os poucos verdadeiros são menores, sem significado. Servem para dar veracidade aos falsos. Seu conhecimento não nos ajuda, apenas nos ilude mais ainda.

Precisamos nos conscientizar. Aprender uns com os outros. Melhor será se for com o mais próximo de nós. Tenhamos confiança em nós mesmos e em nossos próximos, parentes, amigos, companheiros de trabalho, concidadãos nossos, patrícios nossos. Confiemos no que é nosso. Sejamos nós mesmos. Podemos mesmo afirmar que somos os melhores, pois somos múltiplos, representamos grande parte da humanidade. Partes delas, as mais diversificadas, estão aqui, são brasileiros. Nem todos, sabemos disso. Mas esses são facilmente reconhecíveis. Por suas palavras, por suas atitudes, por suas posições contra nosso povo.

Precisamos também conhecer nossa história. Ela vai nos dizer o passado de cada um, ou seus vínculos ancestrais que o fazem agir em consequência. Precisamos nos conscientizar enfim. Ou o fazemos, ou nos submetemos. Não basta identificar os culpados, mesmo que estivermos certos. A questão é não nos submetermos, é construir nosso destino. Que assim seja!

Rio de Janeiro, 05/12/2017.

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